4.7.14

7 anos e um quarto branco

 Ao João: corpo inalterável do nosso Amor





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Para os que aqui estão
visíveis ou não

não há um só dia em que não diga o teu nome ou te cite ou te convide a veres
as conquistas, os encantos e as maravilhas do que se passa aqui atrás de ti.

Visitas-nos, não só a mim mas a todos os corpos do nosso amor comum, periodicamente
e vemos-te mais novo, habitar aquele corpo do princípio
apareces mais definido, nesses dias, como um eco que languidamente se desvanece até à calma.
Então fala-se e discute-se mais sobre ti, baixinho ou ao telefone para evitar acordar-te, tu que não gostas que te perturbem a sesta (declarada a meio da tarde porque ao deitares-te pões a almofada sobre os olhos).

sempre o dissemos, desde o início destes 7 anos que nos fizeste melhores e mais atentos.
Mais solitários também, mais sensíveis, mais livres
No entanto, e por isso peço que se digam estas palavras hoje,  domesticamos de melhor maneira a dor de sabermos que não chegarás a casa àquela hora para o jantar.
Ou de que no dia dos aniversários não poderás escalar as cadeiras e cantar connosco também eufórico. 

Temos um paraíso
Temos uma corte fiel de fauna e flora que exige estima e dá sentido
Temos tempo e sede de tempo
Temo-nos a nós todos reunidos em uníssono, contigo João.